A cidade é uma aglomeração populacional importante na organização da sociedade que tem fatores positivos que devem ser potencializados. Ela deve ser solução para a estrutura social e a sua relação com o meio ambiente, ao contrário de ser foco de problemas. Se a cidade se torna geradora de problemas, o processo de sua construção está sendo conduzido de forma equivocada.
A cidade é uma junção complexa de edificações e sistemas que devem ser administrados para seu bom funcionamento. Os sistemas, por outro lado, são interdependentes. As edificações e os habitantes da cidade necessitam, por exemplo, de água, energia elétrica, gás, transporte e rede viária e geram esgoto, lixo, poluição etc. (infraestrutura técnica) necessitando também de atendimento à saúde e à educação (infraestrutura social) etc. Na cidade encontram-se diversas atividades como moradia, trabalho, comércio, serviços, lazer, obrigando ao deslocamento dos moradores. Para otimizar a cidade, ela exige ser considerada como um grande todo.
Passando para uma linguagem apropriada, a cidade tem que ser tratada de forma sistêmica. Na abordagem sistêmica cada elemento está inserido dentro de um contexto, e sua abordagem leva em consideração as relações no contexto. A interconexão de todos os elementos faz com que a cidade seja mais que a simples soma de suas partes consideradas isoladamente.
A cidade é composta da relação:
Ambiente construído x Infraestrutura
Por outro lado, para avaliar se a cidade está se tornando solução ou uma geradora de problemas basta considerar o binômio:
QUALIDADE DE VIDA x MEIO AMBIENTE
Quando o meio ambiente está sendo agredido, a qualidade de vida na cidade cai simultaneamente. Isso se dá pelo fato de desconsiderar a necessidade e a interdependência dos constituintes da infraestrutura, tanto técnica quanto social, assim como desprezar a preservação do meio ambiente e os biomas presentes, que são relegados a plano secundário, esquecendo que o meio ambiente natural é fonte de bem estar e de alívio das tensões que o dia a dia que, muitas vezes, gera no indivíduo.
Como as cidades brasileiras padecem do planejamento com visão sistêmica, objetivo do LEEAmb é contribuir para mudar essa realidade através da pesquisa e projetos na área da Engenharia Urbana. Classificada pela CAPES na área Engenharias I, ela faz uma integração das engenharias setoriais e intensifica os processos colaborativos com outras áreas envolvidas com a temática urbana, buscando novas técnicas e processos para abordar a cidade.
Objetivo da Engenharia é lançar mão dos conhecimentos científico e empírico em formas adequadas para satisfazer às necessidades humanas. Isso torna a Engenharia extremamente pragmática no objetivo de tornar materiais e concretas, suas realizações.
A Engenharia Urbana tem o objetivo concretizar as soluções das demandas multidisciplinares da cidade, de forma sistêmica, considerando a inter-relação entre todas as disciplinas. Ela é, na realidade, mais do que uma área, uma forma de abordagem. Ao contrário das engenharias setoriais, que aprofundam o conhecimento cartesiano específico, a Engenharia Urbana projeta soluções que levam em conta a influência que cada conhecimento setorial tem sobre os demais.
Isso faz com que a Engenharia Urbana seja uma forma sistêmica de atuação na cidade segundo o enfoque da engenharia. Deixa de ser uma área conforme a classificação formal e passa a ser uma forma de abordagem. Querer delimitar sua área de atuação é querer tirar todo o significado dessa nova engenharia.
A Engenharia Urbana surge da necessidade de unir sistemicamente todos os elementos que estão presentes na cidade com a objetividade de concretizar ações, que caracteriza a engenharia.
Todo trabalho do LEAmb, de acordo com a abordagem da Engenharia Urbana, visa o respeito ao meio ambiente e, com isso, a qualidade de vida na cidade, tendo, como objetivo final, o bem estar humano.
A cidade é composta de edifícios, que exigem muito do meio ambiente, abrangendo projeto, execução, uso, reforma e mudança de uso. Ainda pensando no meio ambiente, o LEEAmb também se ocupa do edifício, realizando trabalhos sobre todo o processo construtivo, tendo como base a inserção do ambiente construído na cidade e a coordenação modular com seus requisitos para sua implementação.
Camilo Michalka Jr., Dr.-Ing.
Coordenador do LEEAmb.